segunda-feira, 15 de outubro de 2007

PAPEL DO JORNALISMO CULTURAL - de marcelo de castro

As páginas de cultura dos jornais, de circulação local, regional ou nacional, trazem na grande maioria das vezes, matérias, reportagens ou artigos voltados para uma cultura que segrega parcela da população. Ora, se um faminto não tem acesso à comida, quiçá ao teatro, ao cinema, aos grandes eventos! Se não tem acesso ao “bê-a-bá”, quiçá às obras euclidianas, machadianas ou quaisquer outras obras de grande vulto!

Cultura para nós, chamados “letrados”, pode ser tudo isso citado acima. E, nos deliciamos com tais objetos. Porém, cultura também é saber “juntar as letrinhas”. Soletrar. Contar até dez. Pintar com giz-de-cera.

Porque os jornais não separam um pequeno espaço, na seção de cultura, para tentar estimular essa cultura primária? Essa resposta é fácil: pobre não compra jornal. O espaço do jornal é caro. Ou qualquer outra desculpa que atinja o vil metal. Pobre não compra jornal, mas o abastado compra. E, estimulando esse abastado a fazer algo pela cultura primária, pode surtir algum efeito, mesmo que pequeno. Onde está o caráter social do jornalismo? Ficou nos primórdios? O espaço é caro? Não precisa abdicar. Conquiste parceiros nessa idéia! As empresas têm seus projetos sociais e o espaço do jornal pode ser aproveitado por elas. Até incentivo fiscal existe para facilitar essa troca.

O que não é admissível é a desfaçatez, o mascaramento, o apartheid cultural que é promovido pelos impressos diários, semanais ou mensais.

Os espaços destinados à cultura tornaram-se uma grande agenda, onde até se paga para que matérias sejam publicadas. A revisão desse papel do jornalismo cultural deveria ocorrer de imediato, para que os meios de comunicação possam ajudar tirar o atraso que se encontra a educação brasileira.

Um comentário:

Equipe palavreiros da hora disse...

isso e muito mais. bom. parabéns pelo artigo.

Hélcio