domingo, 21 de outubro de 2007

LARGO ESQUERDO DA ORDEM - poema de marilda confortin






Das chagas da igreja, quebrando a ordem

se ouvem blasfêmias
quando as fêmeas de raças diversas
procuram a praça prá se cruzar.
Quando uma virgem
maria aparecida da vida
pronuncia o seu santo nome em vão.
Quando uma ave maria cheia de graça
passa na praça
e não pára para rezar.


Das ruínas, feminina
a cívica união das meninas
se reserva, se preserva
dos olhares de quem passa
quem cruza, quem caça, quem reza,
quem roga uma praga no calçadão.


Nossas boas senhoras do rosário
rogam por nós, pecadores solitários
caçadores de tesouros noturnos
bebedores, operários
do largo esquerdo da ordem.
Acendem velas para o cura da capela
pela não abolição da escravatura
dos pretos bonitos
da igreja dos mortos de são benedito.


A fibra de vidro dos ponteiros do relógio
conta com flores
quantas foram as horas
premeditadamente matadas
nas arcadas franciscanas
e denuncia o atraso no encontro marcado


na frente da crente presbiteriana
Água benta, água ardente
arte sacra, arte nata
boates, beatas
brotam no mesmo chão.


O largo é um misto
de santo e profano.
O Largo é isto,
espelho curitibano

Um comentário:

Anônimo disse...

Que lindo!! Parabéns Marilda!! Mande mais para nos deliciarmos com teu trabalho.

Abraço,

Wilma