domingo, 14 de outubro de 2007

CAFÉ DA MANHÃ - poema de alexandre frança

Como a traça esmagada no papel manteiga
Como quem come letras serifadas no café.
O crocante é pétreo gozo de anis.
A aridez, bicho da seda.
Tecendo bocas de bocejos
Organizo a infantaria pária:
Caem, uma a uma,
as cartas do cárcere inventado (desenho de crianças com câncer na parede de ketchup)

um brinde, dizem as últimas pulgas da platéia,
a dose quimioterápica ao feliz cliente do Mc’Donalds
sai pela saliva do guarda: “visita só amanhã”.

Talvez não escrevendo nada
morresse esmagado pela pincelada desastrosa do artista.
A mancha vermelha ressecada
Seria trocada por uma senhora mancha
De leite longa vida.

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