Ainda na adolescência, o general Harry Villegas largou a vida de lavrador no interior de Cuba para pegar em armas contra o governo de Fulgencio Batista. Ele acabou sob o comando de Ernesto Che Guevara.
Villegas chegou a chefe da segurança pessoal do comandante Guevara, o acompanhou à África quando Che tentou criar um núcleo guerrilheiro no Congo e foi um dos únicos cubanos a sobreviver à ofensiva do exército boliviano.
Hoje em dia, 40 anos depois da traumática experiência, Villegas concedeu a entrevista abaixo ao correspondente da BBC em Havana, Fernando Ravsberg.
BBC - General, com que idade o senhor conheceu Che Guevara?
Harry Villegas - Convivi com ele desde os 15 ou 14 anos.
BBC - Como Che Guevara o influenciou pessoalmente?
Villegas - Pelo lado pessoal, ele me deixou o exemplo de lutar, de que sempre se pode mais, o exemplo de que quando se luta com amor, com paixão, quando se mergulha em uma obra, uma causa, sempre se pode chegar à vitória.
BBC - Uma das coisas que Che mais destacou foi a construção de um novo homem. Quase 50 anos depois da vitória da revolução, conseguiu-se criá-lo?
Villegas - Bem, acho que quando Che se foi, fez uma avaliação de como andava a revolução cubana e, em seus últimos escritos, que fez durante a sua viagem pela África e pela Ásia – na carta a Quijano - deixa bem claro que o processo revolucionário de Cuba naquele momento era irreversível.
Depois, nós tivemos problemas: desapareceu o campo socialista, o boicote foi reforçado, nos vimos obrigados a fazer concessões de caráter econômico, como aceitar o dólar, um conjunto de coisas que voltaram a dificultar alcançar este homem com o qual Che sonhara e do qual era protótipo. Não podemos dizer que o temos hoje, seguimos lutando para construí-lo.
BBC - Na América Latina tem havido mudança nos governos. Atualmente, muitos países são governados pela esquerda, que chegou ao poder por meio de eleições. Isso quer dizer que o caminho escolhido por Che estava equivocado?
Villegas - Bem, agora mesmo te expliquei que para Che a guerra de guerrilhas era a última alternativa para tomar o poder, que sempre que houvesse outro caminho, no qual não fosse necessário usar a violência - que sempre representa morte, destruição, sacrifício -, seria o mais correto.
Mas como não havia outra alternativa, ele escolheu este caminho.
BBC - Como se sentiria Che nesta América Latina com tantos governos de esquerda?
Villegas - Acho que se sentiria muito bem, feliz, acho que realmente há uma alternativa para poder construir um mundo diferente, um mundo melhor.
BBC - E na Cuba atual, como se sentiria Che?
Villegas - Estou pensando em como cresceram as desigualdades sociais em nosso país, pensando no que disse Fidel sobre o risco da corrupção, que também cresceu.
Há um debate político, por exemplo, em todo o país, nas fábricas, no bairros...
BBC - Que faria Che atualmente?
Villegas - Acho que Che estaria ao lado de Fidel, lutando ali ombro a ombro, quebrando a cabeça para conseguir recuperar todas estas coisas que se foram perdendo, entende?
Mas acho que o mais importante é a tomada de consciência em todo o nosso povo, que a está tomando abertamente, de que está em nossas mãos poder construir e manter essa sociedade e garantir o socialismo.
Esse é o objetivo fundamental, sem ter medo de ver as nossas deficiências. Foi isso que fomos convocados a fazer pelo segundo secretário do partido.
Além disso, a única forma de resolver as deficiências e os problemas é tomando consciência de que eles existem, e acho que Che realmente compreenderia que atualmente, o único caminho que temos é discutir, analisar, com toda a nossa juventude, todo o nosso povo, qual foi a obra da revolução, a que aspira a revolução.
BBC em Havana entrevista com Fernando Ravsberg
Villegas chegou a chefe da segurança pessoal do comandante Guevara, o acompanhou à África quando Che tentou criar um núcleo guerrilheiro no Congo e foi um dos únicos cubanos a sobreviver à ofensiva do exército boliviano.
Hoje em dia, 40 anos depois da traumática experiência, Villegas concedeu a entrevista abaixo ao correspondente da BBC em Havana, Fernando Ravsberg.
BBC - General, com que idade o senhor conheceu Che Guevara?
Harry Villegas - Convivi com ele desde os 15 ou 14 anos.
BBC - Como Che Guevara o influenciou pessoalmente?
Villegas - Pelo lado pessoal, ele me deixou o exemplo de lutar, de que sempre se pode mais, o exemplo de que quando se luta com amor, com paixão, quando se mergulha em uma obra, uma causa, sempre se pode chegar à vitória.
BBC - Uma das coisas que Che mais destacou foi a construção de um novo homem. Quase 50 anos depois da vitória da revolução, conseguiu-se criá-lo?
Villegas - Bem, acho que quando Che se foi, fez uma avaliação de como andava a revolução cubana e, em seus últimos escritos, que fez durante a sua viagem pela África e pela Ásia – na carta a Quijano - deixa bem claro que o processo revolucionário de Cuba naquele momento era irreversível.
Depois, nós tivemos problemas: desapareceu o campo socialista, o boicote foi reforçado, nos vimos obrigados a fazer concessões de caráter econômico, como aceitar o dólar, um conjunto de coisas que voltaram a dificultar alcançar este homem com o qual Che sonhara e do qual era protótipo. Não podemos dizer que o temos hoje, seguimos lutando para construí-lo.
BBC - Na América Latina tem havido mudança nos governos. Atualmente, muitos países são governados pela esquerda, que chegou ao poder por meio de eleições. Isso quer dizer que o caminho escolhido por Che estava equivocado?
Villegas - Bem, agora mesmo te expliquei que para Che a guerra de guerrilhas era a última alternativa para tomar o poder, que sempre que houvesse outro caminho, no qual não fosse necessário usar a violência - que sempre representa morte, destruição, sacrifício -, seria o mais correto.
Mas como não havia outra alternativa, ele escolheu este caminho.
BBC - Como se sentiria Che nesta América Latina com tantos governos de esquerda?
Villegas - Acho que se sentiria muito bem, feliz, acho que realmente há uma alternativa para poder construir um mundo diferente, um mundo melhor.
BBC - E na Cuba atual, como se sentiria Che?
Villegas - Estou pensando em como cresceram as desigualdades sociais em nosso país, pensando no que disse Fidel sobre o risco da corrupção, que também cresceu.
Há um debate político, por exemplo, em todo o país, nas fábricas, no bairros...
BBC - Que faria Che atualmente?
Villegas - Acho que Che estaria ao lado de Fidel, lutando ali ombro a ombro, quebrando a cabeça para conseguir recuperar todas estas coisas que se foram perdendo, entende?
Mas acho que o mais importante é a tomada de consciência em todo o nosso povo, que a está tomando abertamente, de que está em nossas mãos poder construir e manter essa sociedade e garantir o socialismo.
Esse é o objetivo fundamental, sem ter medo de ver as nossas deficiências. Foi isso que fomos convocados a fazer pelo segundo secretário do partido.
Além disso, a única forma de resolver as deficiências e os problemas é tomando consciência de que eles existem, e acho que Che realmente compreenderia que atualmente, o único caminho que temos é discutir, analisar, com toda a nossa juventude, todo o nosso povo, qual foi a obra da revolução, a que aspira a revolução.
BBC em Havana entrevista com Fernando Ravsberg
2 comentários:
VIVA ETERNAMENTE CHE!!!!
LS
Parem de falar nesse comunistinha... que papo mais fora de época. Um assassino que ajudou a implantar um regime mais assassino ainda como o de Cuba.
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