Carlinhos é hiperativo. A todo momento sua atenção é chamada pelas mais simples coisas: o fechar de porta, o cair do lápis, o cantar do passarinho, o ponteiro do relógio. "Tiiiiiiaaaaaaaa!". Sempre me chama para mostrar alguma coisa super interessante. Vejo nos seus olhos a indignação por eu não dar a mesma importância. "Me desculpe, mas você pensa muito rápido!". Desculpo-me sorrindo e confortando-o. Na verdade, gostaria que pintasse o desenho e ficasse sentado como os outros. Mas que chatisse! Nem eu gosto de pintar desenhos. Que besteira a minha.Carlinhos gosta de desafios. Em seu período pré-silábico, fiz um ditado com ele, em português, inglês e espanhol. A cada escrita, berrava de satisfação. "Coche, termina com E!" E escrevia com um sorrisão de orelha à orelha.Suas bochechas rosadas pedem muitos beijos todas as vezes que o vejo no recreio. Na escola é feliz: brinca, ri porque é respeitado.Sua hiperatividade foi diagnosticada com menos de um ano de vida, pois era "esperto demais para a idade". Foi quando o pesadelo começou. Dois, três dias sem dormir, só querendo brincar. Pais estressados, avós que não queriam ouvir falar. Até que chegaram os "roxos". Mas não faz mal, porque era para ele deixar tudo sair pela janela que amanhã seria outro dia...Mas e a medicação? As doses são dadas de acordo com o comportamento do menino, chegando a ficar dias sem tomar, se foi "mau". Daí começamos novamente desde o início, surto após surto. Quantos Carlinhos não existem por aí em salas de 40 alunos? Seu QI está bem acima da média, só precisa de um educador que antes de tudo o ame como ele é, para depois orientá-lo nas descobertas do aprender.
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