Os Ainu são o povo indígena do norte do Japão. Sua história constitui, em parte, uma luta por sua representação discursiva. Ideologicamente marginalizados como uma "raça em extinção" necessitando "proteção", uma imagem que moldou políticas concretas que promoveram sua subordinação ao Estado, os Ainu têm reagido, desde os anos setenta, ao se recriarem como um "povo indígena". Suas vozes, porém, tem permanecido mudas em um Japão, que continuou a representar-se como "racialmente homogêneo". Porém tudo isso pareceu mudar no dia 1 de julho de 1997, quando entrou em vigor no Japão a primeira legislação para promover uma cultura étnica anticonvencional e encorajar o multiculturalismo no interior da sociedade japonesa. A promulgação do Ato de Promoção Cultural Ainu (APC) foi recebida entusiasticamente por seus defensores como um evento que "marcou época". Assim , o governo japonês finalmente resolveu seu "problema Ainu", fazendo justiça e reconhecendo direitos humanos aos habitantes originais de Hokkaido, despojados, marginalizados e empobrecidos pela exploração colonial daquela ilha após 1869? Ou a retórica de acontecimentos que "marcam época" obscurece uma realidade política que na verdade mudou muito pouco? Nesse paper vou argumentar que o APC representa apenas uma concessão marginal por um estado paternalista. Políticos continuam a fazer afirmações de "estado homogêneo". Críticos argumentam que o movimento Ainu descarrilhou, e que a cultura Ainu, longe de ser "promovida", está presa numa estrutura de opressão pouco diferente da que prevalecia durante a política oficial de assmilação. Apesar de passados apenas quatro anos desde a promulgação do APC, vou tentar avaliar nesse paper o impacto inicial dos movimentos Ainu em prol de direitos políticos e humanos e sua posição na sociedade japonesa no alvorecer de um novo século.
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