sábado, 24 de novembro de 2007

O SUBPENSAMENTO VIVO de marconi leal


O crítico literário é o único bípede autotrófico de óculos de que se tem notícia: alimenta-se do próprio ego. Seu habitat artificial são as mesas de discussão, as noites de autógrafo e outros ambientes inóspitos. Tem o corpo dividido em língua, tronco e membros.
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Que nós temos ínfima importância nos planos divinos e possuímos a única missão de reproduzir, eu sei. O que me deixa indignado é que Deus faz tão pouco caso da nossa espécie que nem ao menos se digna a explicar por quê.
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O único mérito da sociologia, a meu ver, foi ter impulsionado o comércio de boinas.
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O diabo não é páreo para Deus. Trata-se de uma criatura ainda muito humanizada. Em termos de mal absoluto, aposto mais nos vilões de telenovela.
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Deus está em tudo, é verdade. Mas confesso que gosto mais d’Ele quando vem em cápsulas de 20 mg de fluoxetina.
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Não é que Deus não exista. Você é que jejuou pouco.
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Sou agnóstico, com alguma — pouca — propensão à crença. Isso, se a televisão estiver desligada.
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Não tenho aptidão ou habilidade para coisa alguma. Qualquer dia, em nome da sobrevivência, serei forçado a abraçar a carreira de artista plástico.
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O mínimo que se espera numa relação é reciprocidade. Eu até acreditava em Deus. Mas que posso fazer se ele é ateu?

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