por que deixar o mundo menor do que é?
para nos sentirmos maiores do que somos?
para despertar desejos?
para acentuar as diferenças?
para dividir um homem em dois?
para reciclar o desprezo?
para cuspir em outro continente?
para humilhar mais?
é tudo o que queres?
se entendes que podes tudo, então...
então construa uma estrada para as estrelas
que tenha mão de volta
então navegue o mar revolto sem velas
sem motores, nem remos
então sejas capaz de entender
um par de sapatos no telhado
então compreenda a mão estendida
para o nada
então enfie os dedos na merda
faça uma escultura e sorria
então ande de mãos dadas
com um psicótico
então sinta as tripas roncando
e imagine seja o teu monólogo
então me dê um pedaço da carne
d’uma criança morta da Etiópia
então sopre os ventos do sul
para o sul
então me dê um estilhaço de granada
de Jerusalém
então mije contra uma corrente marítima
até virar maremoto
então me dê a fome
de Serra Leoa
então morda a língua do mar
no rochedo
então me conte porque o Harlem
é o Harlem
então prove que os teus quinhentos gramas de salmão
são iguais aos meus quinhentos gramas de fome
então admita que o teu dominar
depende do meu sucumbir
então prove que minha alma
está limitada ao teu existir
se isto, então faça tudo,
se não, deixe os ventos soprarem
domingo, 11 de novembro de 2007
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