sábado, 3 de novembro de 2007

A NOVA CRÍTICA LITERÁRIA BRASILEIRA - por silas corrêa leite*

A Nova Crítica Literária Brasileira, às vezes nem é nova (pelos ranços e vitupérios arcaicos), nem é crítica (pelo exercício bocó da dialética imediatista do esculacho janota e boçal) às vezes sequer é literária, quer pelos devaneios de pseudos-jecas pops ou por algumas mesmices de trivialidades engodadas por certos cacarecos de organdi, ou, ainda, pode ser apenas e só isso: brasileirinha. E ainda, sorry, casca grossa e sem seca. Uns têm nome, outros inventam poses, há os que, rançosos, desqualificam uma estréia sazonal, e ainda há os que, por inveja (boa ou má), injetam venenos por causa de frustrações adquiridas, já quem não têm um merecido sucesso e permanecem neomalditos, independentes daqueles clubes de esquinas, de clubes de egos, de testes de sofás e até periféricas oficinas que mais rotulam e vendem peixe de fim de feira do que enobrecem o filão tão propenso a tolos de ouro e vice-versos.
A Nova Crítica Literária Brasileira, coitada, tem patetas de ocasião, cariocas postiços, gaúchos saradinhos, paulistas alocados e mais algumas mineirices de intelectualidades masturbatórias e, pajelanças Leminskianas. E ainda existem outros. Caetanear, por quê não?. A crítica literária brasileira apanha de relho alhures e fica paradoxal: gosta de dar vexame, chuleia citações, agasalha pandarecos e, no final, alardeia uma saideira para todos, até porque ninguém é de ferro, e, depois da tempestade vem a leptospirose.
A Nova Crítica Literária Brasileira cheira a sabão de cinzas. Mas os cueiros estão cheios. Pensa que pensa. Acha é o que não é. Ora, nossa crítica babaquara é bananeira que já deu goiaba, mas, ainda assim, no tear do imaginário impúbere, troça, troca, erra e faz-se singer em roca errada. Saravá, Caio Prado.
A Nova Crítica Literária Brasileira só tem um eventual (e ordinário) verniz novo, laca laica, pois todos beberam - como nosotros - em mágoas paradas; salutar seria se fosse pelo menos serena, crível, polida, e tivesse algum mimo no trato com as ordenanças do chamado rigor formol. Mas nem isso. E para ser um puta roqueiro, cara pálida, tem que se ouvir Pixinguinha primeiro.
A Nossa Crítica Literária Brasileira - perdão, leitores - cheira sovaco vencido de sauro-rex (espécie em extinção), é polêmica pela própria natureza; navalha afiada no enfoque pseudoerudito, bodoque de citações, mas depois dá bom-dia a cavalo, sobe no pau de sebo e, baba baby, atravessa canteiros & e cardumes. Pior, literalmente pisa na bola, magôa. Tudo isso, não com estilo, mas com “estalo”. Só que, sendo polenta fria/ardida, vende, ventila, aparece, faz limonada sem limões, de tão azeda; quase curtida em antro próprio.
A Nova Crítica Literária Brasileira quer ser o que não é. E quando é, aqui e ali, vá lá, vale quanto pesa. Entra na técnica, no estilo, no criar propriamente dito, não viça tecendo loas ao inusitado, ou comparando lesmas com resmas, mormente porque, o crítico não tem que gostar da obra analisada, mas gostar, claro - óbvio ululante - de ser Crítico. Simplesmente isso. Ou não tem nada a Ler. Nem a SER.
A Nova Crítica Literária Brasileira adora espaço novo, adora autor novo, adora alguém vencedor. Fermenta entre avencas. Dá o drible da vaca no texto em si, e cai na gandaia de acionar uma metralhadora cheia de lágrimas (ou purpurinas mal resolvidas), atirando em tudo quanto é alvo, piorando quanto acerta mitos, totens, raízes, pilares. Paraná? Rio Grande do Sul? Santa Catarina? Sai de baixo! Desse eixo ninguém pode ser bom, que altera ânimos, atiça bezerros desmamados de éticas e com/Vivências. Cá entre nós, companheiro, se cada vez que alguém faz sucesso, ocasional ou só mesmo por acidente de percurso de destino, o circo pegar fogo, vai ser um desmanche artístico-cultural total. Coisa que as sensatas tradições gaúchas não fazem. Valoram bem e tudo. Faz sentido. Ainda bem.
A Nova Crítica Literária Brasileira, principalmente aquela bem pamonha que se nutre da mídia (e do open doping da mídia) no saturado eixo Rio-São Paulo, ignora os brasis varonis gerais. Aliás, em terra de Paulo Coelho, todo mundo que cai no palco iluminado da sorte (de ser bancado por uma grande editora), é, de presto, rotulado de mané, merece ser crucifixado no alvo-mira dos pedantes pra consumo. Aleluia, Monteiro Lobato.
A Nova Crítica Literária Brasileira - que quer ser o Provão do Amém - não existe, é conversa fiada para gerente editorial dormir, chove no molhado, arde no ego, glosa no freudiano, bebe em becos e feudos, destila veneno e depois, no trivial, pançuda e demodê, espera as vaias, os aplausos, os coiós atrelados, os arigós com grife. Para não dizerem que não falei de flores, a luta continua. Todo autor neomaldito adora encontrar uma Dalila para cortar os cabelos da sonhadora iniciativa peluda e sensacionalista. O resto é mágoa de fugitivos de pagos e estâncias. Eu, por mim, prefiro continuar neomaldito e morrer assim, do que me servir do pote de vísceras de egos doentios. Nem todo crítico que lê luz é cobrador da ligação. Há os isentos. Raros e curtidos. Em terra de cego, quem tem olho pensa que é dono da bengala. FUI.

*O autor é poeta , educador e jornalista

Um comentário:

Anônimo disse...

Campo de Trigo Com Corvos, Contos, o Livro do Silas Corrêa Leite

A ciência é grosseira, a vida é sutil
É para corrigir essa distância
Que a literatura nos importa

(Roland Barthes)


“CAMPO DE TRIGO COM CORVOS”, Contos, o que realmente é? Primeiro: é um livro de contos, ficções, histórias, causos, narrativas e as chamadas acontecências, todas no belíssimo palco histórico e boêmio de Itararé. Segundo: a maioria dos contos premiados em concursos literários de renome, ou mesmo no próprio Mapa Cultural Paulista, representando Itararé. Terceiro: a prosa poética do autor, sua linguagem típica do “Itarareês” com o peculiar e todo próprio surrealismo e mesmo o realismo fantástico, para não dizer de, aqui e ali, um chamado transrealismo. E, o melhor de tudo: papo de bar. Na calada da memória, as bebemorações (ou rememorações) e um piá...o guri Silas contando, como se trazendo a sua infância consigo na linguagem, nos parágrafos. Para não dizer dos finais hilários ou, ponhamos: encantados. Bela capa, com autorização do Museu Van Gogh da Holanda. Orelhas bem trabalhadas. O autor tem o que se dizer dele. Prefácio arrebatador. De um poeta, ficcionista e ensaísta premiado de Portugal, o Prof. Dr. Antero Barbosa, acadêmico e professor universitário. Descasca literalmente o estilo do Silas, técnicas, vôos, criações, enlevos, símbolos de perplexidade. E valoradamente dá nomes elogiosos aos criames diferenciados do autor. Última capa, as citações de lugares midiáticos em que o Silas saiu, foi reportagem, ou entrevistado, da Folha à Jovem Pan, por exemplo. Depois e finalmente, o conto Anistia. Premiado. O macro espaço-Brasil trazido à Itararé e um menino contando. Da ditadura ao fim dela com a Era Collor e suas carroças coloridas. O muro como símbolo, metáfora. Lembra J.J.Veiga mas vai em veio próprio. Guardação. Um baita causo de Itararé. Bem construído, costurado, com um final pra lá de feliz e risador, ridente, sei lá. Boêmio...um continho joiado...lindo. Mimo. Caso de notívago. Câncer... então é um papo rueiro, de bar risca-faca, de roda de contadores de palha. O Anão é tão bonito que pinta virar filme, pelo que soube. Gente de arte (teatro, rádio, música) em Itararé de olho. Mágico. Justiça, então, tem um final altamente criativo, quase um achado fora de série. Escrever é um ato de sobrevivência, disse Eduardo Subirates (filósofo espanhol). O Apanhador de Cerejas, quando revela o que está realmente havendo (narrador direto), você sofre e chora e volta a reler para compreender a dor do narrador. A pior coisa é não sentir absolutamente nada, diz o rock do U2. Campo de Trigo Com Corvos é o melhor conto do livro. E o final se revela na última palavra. Você vai lendo, seguindo na contação do menino, quando se vê? Corvos, trigais, campos e, loucura-lucidez. Azul e amarelo, como a capa. O Inventor é cênico, fílmico, e um final que arrebata, literalmente. Endoenças é conversa de filha pra pai. Tudo em Itararé, chão e estrelas. E lágrimas. Congonha (ko goy – do tupi: o quê mantém o ser?), o conto mais premiado do autor. Como é que pode um final desses? Depois vem o Causo do Gibão e você tem ali uma graceza impressionante, andando com o autor pela narrativa e sua tessitura. O Enterro, então, é o melhor “causo” do livro. Por si só daria já um romance e tanto. Um pandareco, como volta e meia diz o autor, entre maleixo, cainho, guaiú, morfético, caipora lazarento (beirando um regionalismo sulino até), etc. Quando você pensa que já está bom, a mimese do O Osso. De novo você fica pensando: como pode escrever isso? Onde acha isso tudo? Técnica, estilo, domínio, condução, talento. Coió é triste, duro, o conto mais pungente do livro maravilhoso. O causo O Velho Martinho é bem contado em Itararé, o autor recupera pessoas, falas, expressões, dando registro à voz do povo, vox dei. E bota gente real: Tepa, Jorge Chuéri, lugares, bares (principalmente). Quando a Tragédia Bate à Sua Porta, foi elogiado e considerado belo e fílmico quando em debate online, pelo João Silvério Trevisaan. E O Silas Já foi premiado no Concurso Ignácio Loyola Brandão, Paulo Leminsky, Ligia Fagundes Telles, Salão de Causos de Pescadores da USP, etc. e tal. Então o conto de amor que faz você chorar. Ele Ainda Está Esperando. Um final que relembra kafka mas sem deixar de enlevar a leitura em prosa poética e ficar pensando no estupendo processo de criação com suas lógicas e ilogicidades maviosas, plangentes. Quando você pensa que acabou, um continho quase que meio infanto-juvenil, e o menino de novo que, na maioria das obras narra, conta, detalha, especifica, volta inteiro e completo com o conto sobre a bicicleta de um tio. Marquesinha, Periquitada. Você não leu? Não sabe o que está perdendo. Cada um arrasta um corpo atrás de si, debaixo do sossego das estrelas, disse Fernando Pessoa. Isso tudo e muito mais é CAMPO DE TRIGO COM CORVOS. Jóia rara.
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L.C.A – Professora, Área de Designer Gráfico -E-mail: artistasdeitarare@bol.com.br
Blogue: www.artistasdeitarare.zip.net

Autor: Silas Correa Leite - E-mail: poesilas@terra.com.br
Site: www.itarare.com.br/silas.htm