"Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça" . Glauber revolucionou o cinema. Resumindo, mostrou ao mundo a sobrevivência do brasileiro, aquele que luta dia a dia para sobreviver. "Nosso cinema é novo porque o homem brasileiro é novo e a problemática do Brasil é nova e a nossa luz é nova e por isso nossos filmes nascem diferentes dos cinemas da Europa." Glauber preocupou-se em retratar a vida do povo nordestino, o sertanejo. Mesclava a realidade com mitologia. "No Brasil, o Cinema Novo é uma questão de verdade e não de fotografismo. Para nós, a câmera é um olho sobre o mundo, o travelling é um instrumento de conhecimento, a montagem não é demagogia mas a pontuação do nosso ambicioso discurso sobre a realidade humana e social do Brasil!"O cinema novo lutava por uma causa. Por trás das câmeras, havia uma idéia. A fórmula do folhetim revolucionário, combinando cinema, política e mitologia popular. Dessa fórmula, nasceu muitos filmes, entre eles: Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1969).Deus e o Diabo na Terra do Sol , explodiu como uma revelação. Glauber partiu da convulsão e violência da terra sertaneja para chegar à rebeldia pura. Beatos e cangaceiros são os nossos rebeldes primitivos, portadores de uma raiva revolucionária, emissários da cólera da Terra para além de Deus e do Diabo.Glauber usou o imaginário euclidiano de Os sertões, onde a violência, a ferocidade, a fome e a revolta transformam-se em duelo, dança e sobrevivência.Beatos, vaqueiros, matadores de aluguel tornam-se em agentes da Revolução. "Somente pela violência e pelo horror, o colonizador pode compreender a força da cultura que ele explora". A violência é um desejo de transformação. "A mais nobre manifestação cultural da fome".O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro , filme popular, comercial, político e ousado, consagra Glauber como melhor diretor em Cannes.Glauber tinha algo de sádico e histérico. "Para explodir, a revolução tem que ser precedida por um crime, um massacre".O período de 1969 a 1976, ficou fora do Brasil. O que poderia significar o exílio quando "o país chamado Brasil está tão dentro da gente que é impossível sair". Glauber deixou de vez o Brasil, em 1971, quando a repressão tornou-se insuportável.Foi preso em 65. Seu apartamento é desmontado e revirado pela polícia. Em 67, o filme Terra em Transe foi proibido em território nacional.Em 1970, as prisões e tortura fazem Glauber sair do país. No exílio, realizou seus filmes mais "impopulares" e poucos exibidos no Brasil.O Leão de Sete Cabeças e Cabeças Cortadas são filmes-colagem, com encenação de conceitos e slogans. Glauber define O Leão, como uma tentativa de "alcançar a síntese dos mitos históricos do Terceiro Mundo por meio do repertório nacional do drama popular .De 1971 a 1976, fez uma espécie de peregrinação pelos centros do comunismo e da esquerda internacional: o socialismo africano no Congo ( O Leão), Cuba (História do Brasil), Chile de Allende, Peru de Alvarado, Roma do PCI, Paris dos exilados e guerrilheiros brasileiros."Estou nos desertos d'Oriente! Meu coração é grande demais! Viajando sem parar pelas rotas fantásticas de príncipes e ladrões e guerreiros: raptando princesas e negociando segredos ao sabor das fumaças e ao som dos tamborim.. Não tem volta! É a felicidade que dói de tão boa ".Casou-se em Cuba, com a jornalista Maria Tereza Sopeña. Tornou-se um militante de organizações clandestinas e produziu o filme História do Brasil. Foi expulso de Cuba, por desentendimentos políticos.Voltou ao Brasil em 1981, seriamente doente, "Não curto essa de ser mártir!".Glauber Pedro de Andrade Rocha nasceu em Vitória da Conquista, Bahia. Em 14 de Março de 1938, morreu em 22 de agosto de 1982 no Rio de Janeiro.Sua marca no cinema brasileiro é incomparável. Glauber e seus filmes, dividem o mesmo tom: irreverência, ousadia e revolução."O cinema é, antes de tudo, uma indústria, inclusive se é dirigido contra a indústria."
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário