sexta-feira, 21 de setembro de 2007

MEU MAIOR SONHO - poema de erly welton

MEU MAIOR SONHO
Há duas coisas que preciso dizer. Apenas duas. A primeira é que hoje me sinto exageradamente bandido, hipócrita, fraudulário, velhaco, besta, inescrupuloso, pobre. Miserável, imbecil, retrógrado, claustrofóbico, ansioso, impaciente, intolerante mesmo para com toda a noção de verdade que há no mundo. Tenho todas as ganas possíveis e imagináveis. Gana de enforcar cada um dos membros dessa humanidade que imito, não sem antes vê-los sofrer, sangrar contorcendo de dor e fome e solidão. Gana de causar pavor e medo ainda maior do que o que eles sentem por esta vida inútil e mentirosa de consumir o inconsumível, sonhar com o amor que desconhecem e a sua acomodação empírica. A segunda é que assim mesmo consigo perdoá-los e me perdoar por isso. Sinto-me capaz ainda de transformar a praga e a peste que me corróe em poesia. Porque o meu maior ideal é enrabar a besta que cotidianamente me come o rabo

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