domingo, 16 de setembro de 2007

É ASSIM - artigo de jb vidal/2001






não tenho nenhum compromisso com o que chamam de belo, riqueza, conforto, segurança, politicamente correto. e não me interessam, absolutamente, porque as razões que dão origem a esses conceitos não são naturalmente legítimas, ou seja, razões originadas em uma moral que a vida não contempla, não reconhece. são conceitos que diante dela, viram mijo de rato. leptospirose no cérebro, portanto.

só os defendem, quem deles vivem e seus batalhões de seguidores idiotas que terminam por se acharem belos, piedosos, bonitos, agradáveis, seguros e politicamente corretos. gente fraca, inútil. ninguém sentiria sua falta caso não existissem. o mundo está cheio disso. uns merdas.

mas eles continuam aí, escrevendo, conceituando, renovando conceitos, iludindo, renovando ilusões, aplaudidos e venerados por esses milhões de inúteis. vendem esperanças. vendem o futuro. e o futuro, que vendem é belo, rico, bonito, agradável, seguro e politicamente correto. a esperança que vendem é a felicidade e o tesão permanentes e inesgotáveis. lixo.

induzem-os, a exercícios mentais sobre como se autoafirmarem diante dessas necessidades, justamente porque por aí serão dominados.

gostaria de vê-los defendendo seus escritos nos acampamentos da fome na Etiópia, no meio das palafitas da Bahia, no centro do tiroteio no morro do Alemão, junto aos moradores do Minhocão em S. Paulo, nos subúrbios miseráveis de Nova Iorque. gostaria de vê-los. gostaria de vê-los vendendo suas "obras" e dando conferências sobre "Como Ter Sucesso" em Serra Leoa. convencendo o Jonas Savimbi a ler "Como fazer Amigos". gostaria de vê-los, entre árabes e judeus, no meio da intifada, pregando "amai-vos uns aos outros". ah! como gostaria!

não, jamais fariam isto, pois sabem que enganam, ludibriam, mentem e, sorriem com escárnio sentados em suas poltronas contando os cheques milionários ganhos com o bestesseler comprado em até três prestações por milhões de desesperados procurando uma saída para seus grandes problemas como "preciso ter sucesso" " necessito fazer amigos" "sinto falta de um mago". puta que pariu.

não me proponho a fazer, o que sugiro a eles, pela simples razão de que não tenho nenhum interesse em enganar, ludibriar, mentir e escarnecer. que se foda o Savimbi e os outros. cada qual que se resolva diante de suas realidades. descubram seus próprios caminhos de saída, ou não.

estelionatários dos fracos de espírito. gigolôs de almas. profissionais da palavra vazia. estrume é o que são.

mas, tudo bem, a humanidade abre espaço para esse tipo de picaretagem. tudo bem. que pague o preço. a raça humana carrega desde os primórdios o sentimento de que é prisioneira, na essência, e, sente-se segura quando ele aflora, eu chamo essa merda de o prazer do não poder. ela constrói suas prisões. diversos são os níveis de celas que cria: os conceitos de família, os conceitos legais sobre sociedade, há séculos propostos e aprovados por reis, príncipes, barões, parlamentares e governantes corruptos, aéticos, marginais e hipócritas lucrativos; constrói a cela urbana, sente-se segura nela em detrimento da natureza; é prisioneira do Estado, e por último, não sei até quando, estará encarcerada no planeta.

liberdade plena só dentro de si mesmo, e quando praticada, paga-se caro. eu sei. já paguei muitas vezes. mas, reajo tentando cerrar as grades com o verbo. outras vezes com um porre. funciona.

na primavera, darei morangos aos meus
morcegos.

Um comentário:

Anônimo disse...

um jeito de denunciar o que anda acontecendo com a nossa literatura e também a mundial. um jeito duro, enérgico e direto. quem sabe as pessoas se conscientizem um pouco. parabéns.

Fernando Ruiz