sábado, 29 de setembro de 2007

E O TEMPO LEVOU - poema de ewaldo schleder

Murro na ponta da história

cara quebrada no espelho

à cicatriz sem memória

juro, eu logo me ajoelho


Sem escapes, não despiste

ouro de pobre não reluz?

apontar duro o dedo em riste

é purgar o resto do pus


Transmutação sobretudo

faca de louco não se afia

se daqui logo me mudo

não sei quando todavia


Peço ao rio: arrebente

navego o dia sombrio

a sentir gozo pungente

cheio de porra, esvazio

Um comentário:

Anônimo disse...

Poema bem estruturado, cerebral, rimas de adjetivos, substantivos, advérbios, verbos intercalados, verdadeira riqueza. A idéia poética não é original (loucuras de amor, paixão e sexo) mas é bem articulada. A beleza está no ritmo, na semântica, na (re)invenção formal: rimas diferentes a cada verso, quartetos; fuga da métrica convencional clássica. Dialética comprovada. Obrigada a vocês.

Linéia Bittencourt (lib_ecausp@hotmail.com)