Outro dia recebi a visita rápida de meu velho amigo e colega Mário Augusto Jakobskind. Acabamos falando em Hugo Chávez, porque não há nada no mundo - desde as nevascas em Oklahoma até o preço do pão no Rio de Janeiro - pelo qual este inca não seja responsável. Mário estava irritado, porque uma das maiores autoridades sionistas do Brasil, Mário Gomlewsky, assinara na revista Menorah algo que Bush subscreveria.
E respondeu: "Esta é uma pequena crítica ao pensamento único e à mesmice em relação à Venezuela. Vocês seguem o senso comum e o pensamento único de criminalização de um processo revolucionário. Na verdade, se orientam pelas mentiras e meias verdades da mídia conservadora. Por que nunca se pronunciaram contra as torturas em Guantánamo e a ocupação do Iraque? Por que apóiam incondicionalmente as atrocidades que sucessivos governos de Israel têm cometido na Palestina? Por favor, não usem o argumento de que o autor destas críticas é anti-semita, como fazem habitualmente contra quem não aceita o jogo do pensamento único que vocês costumam jogar. Saibam também que nem todos os judeus são sionistas, como vocês, e fazem críticas ao procedimento dos sucessivos governos de Israel não por anti-semitismo".
Gomlewky respondeu a Mário: "Diga você se alguma vez se pronunciou a favor do Estado de Israel. Mesmo quando foi ameaçado por Nasser de ser arrastado com todos os habitantes para o mar. E quanto ao que diz o presidente do Irã sobre o Holocausto? Vá pregar na Venezuela essa ladainha velha, surrada, que já virou pó na história, e tomar porrada dos estudantes de lá. Eles sabem quem é o Hugão melhor do que você. Será que você tem vergonha da história do seu povo? Eu sou sionista. Você, como se define? Cego, surdo político? Ou verdadeiramente mal intencionado? Não tenha vergonha de ser judeu. Nós dois iremos para a mesma câmara de gás, se depender de gente como o Chávez. Você certamente irá, alegremente, cantando o hino da Internacional. Você rotulou no seu pronunciamento. Faz parte da prática de gente que pensa torto como você. Fazer e acusar os outros de terem feito. Leia o que você escreveu e veja quantos rótulos escrotos você dedicou a nós".E eis o último round.
É a vez de Mário Augusto:"Sua resposta confirma exatamente o que escrevi. Seu sionismo só contribui para o incremento do anti-semitismo. Meu sobrenome não esconde minha origem. Nunca neguei, como o senhor idiota e sectariamente tenta induzir. O resto é elocubração de um autoritário de direita, vinculado a sei lá o quê. O senhor não polemiza, não tem argumentos. É um colonizado mental, como tantos neste seu mundo globalizado. A agressão verbal é a marca da mediocridade. Continue sintonizado na mídia conservadora e de direita, pois lá é seu mundo. Não vou polemizar com quem se comporta dessa forma colonizada mental. Mais uma vez, não use seu sionismo de direita para chantagear. Aliás, o senhor não entende o que é isso. Antes de defender ou atacar os governos de direita de Israel, que o senhor defende incondicionalmente, minha opção é ficar ao lado das classes populares brasileiras, latino-americanas, palestinas, israelenses e do mundo inteiro. Este, claro, não é o seu mundo sionista de direita. O senhor está do outro lado da história. Está com Bush e com os fundamentalistas, sejam eles judeus, cristãos, muçulmanos e o diabo a quatro que pululam no mundo globalizado, onde a pensamento único, que também é um dogma, predomina. Quanto ao holocausto, não use essa tragédia histórica também para chantagear tal qual Bush e seus sionistas. Mais respeito pelos que morreram, que muitas vezes eram de esquerda e das classes populares. O senhor nunca ouviu falar de judeus de direita que transacionaram com o fascismo italiano? A maioria deles seguia o seu ideário dogmático. Quanto ao Irã, não baseio meus posicionamentos em informações de agências internacionais comprometidas com o esquema fundamentalista cristão-sionista que ocupa fraudulentamente a Casa Branca. Minhas fontes do Irã não são oficiais, e sim da colônia judaica, não-sionista, que vive há mais de três mil anos nesse país e se nega a emigrar para Israel, a 'terra prometida'. Será que eles negam a sua origem? Será porque a mídia conservadora omite essa informação? Não seja um analfabeto político. Não confunda o Estado de Israel com os governos de direita de Israel, que o senhor defende".
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Um comentário:
Olá Vidal!
Parabéns pelo blog - oportuno, relevante, pertinente, em tudo o que veicula. Esse artigo do Fausto Wolff é empolgante e sincronizado com duas idéias que apoio integralmente. A vitimização histórica judáico-cristã em cima do holocausto; essa coisa de rotularem como anti-semita quem critica qualquer coisas dos judeus. Sim, o nazismo foi horrível. Mas usarem aquilo eternamente de modo tão tendencioso, chantagioso, abala os nervos até mesmo de certos judeus, de bons judeus. Outra inversão é o pau sistemático em cima do Chávez. O maniqueísmo toma conta das Américas pós EUA, de acordo com o compasso binário do pensamento e da ação políticos ianque. Hoje, é simples para quem quiser entender qualquer coisa do Canadá pra baixo: é só detectar aonde está o dedinho do tio Sam - da inocente pessegada da vovó à próxima chegada no shopping da esquina. Cada vez mais dificil resistir a essa pressão colonizadora...aceita um lucky strike?
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