Abrideira
Cada país têm sua bebida popular. Em Cuba é o rum, nos esteites é o uísque, na Rússia é a vodka,
Cada país têm sua bebida popular. Em Cuba é o rum, nos esteites é o uísque, na Rússia é a vodka,
na Itália, tuto buona gente, adoram a graspa, no México bebem teqüila, e aí vai...
No Brasil, claro, é a cachaça!
“Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de trinta e oito a quarenta e oito por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro, expresso em sacarose”.
Foi assim, que, em outubro de 2003, por meio do Decreto 4.851, o governo brasileiro oficializou a cachaça como produto tipicamente brasileiro.
Luis da Câmara Cascudo, em Prelúdio da Cachaça; etnografia, história e sociologia da aguardente no Brasil, informa:
A aguardente da terra, elaborada no Brasil, podia atender ao apetite dos fregueses humildes, escravos, mestiços, trabalhadores de eito a jornal, todo um povo de reduzida pecúnia. O Tráfico da escravaria impôs a valorização incessante da aguardente na terra, a futura cachaça, era indispensável para a compra do negro africano e, ao lado do tabaco em rolo, uma verdadeira moeda em circulação.
A cachaça a Deus do céu
tem o poder de empatar
porque se Deus dá juízo
cachaça pode tirar
mulato não larga a faca
nem branco a “sabedoria”
cabra não deixa a cachaça
nem negro a feitiçaria
(poesia anônima popular)
A nossa querida cachaça já foi tratada como bebida de segunda categoria, hoje, no entanto, ela já atingiu o status de boa bebida, graças ao trabalho, principalmente dos mineiros.
Lá em Minas Gerais, formaram cooperativas, com um controle rígido quanto à qualidade da nossa boa cachacinha. Por conta disso, em qualquer bar e restaurante do Brasil, encontramos uma “mineirinha” de primeira, motivo do aumento das exportações das branquinhas e amarelinhas.
Sabia que no Brasil já têm até cachacier? Pois é. Cachacier é variação da palavra francesa sommelier, que designa o expert em vinhos. O nosso especialista chama-se Carlos Gonzáles, dono da Cacharia Pompéia, em São Paulo. Entre as dicas do Carlos, está a escolha do copo: “não muito alto com gargalo mais estreito e bojudo” – para sentir o aroma e apreciar a coloração.
Cana -caiana
A cana-caiana é a única saccharum officinarum a denominar aguardente, ingressando na rica sinonímia da cachaça. Batizou um livro de poemas de Ascenso Ferreira (“Cana-caiana”, Recife,1939) onde reaparece um ditirambo popular:
Suco de cana-caiana
Passado no alambique,
Pode sê qui prejudique
Mas bebo toda sumana
Existem muitas estórias, brincadeiras e folclores envolvendo a cachaça. Consegui uma que vinha impressa na etiqueta da Caninha Brumado Velho:
Fui a Minhas gerais e tomei uma cachaça da boa,
mas tão boa, que resolvi levar dez garrafas pra casa.
Mas dona patroa me obrigou a jogar tudo fora.
Peguei a 1ª garrafa, bebi um copo e joguei o resto na pia.
Peguei a 2ª garrafa, bebi outro copo e joguei o resto na pia.
Peguei a 3ª garrafa, bebi o resto e joguei o copo na pia.
Peguei a 4ª garrafa, bebi na pia e joguei o resto no copo.
Peguei o 5º copo, joguei a rolha na pia e bebi a garrafa.
Peguei a 6ª pia, bebi a garrafa e joguei o copo no resto.
A 7ª garrafa, eu peguei no resto e bebi a pia.
Peguei o copo, bebi no resto e joguei a pia na 8ª.
Joguei a 9ª pia no copo, peguei a garrafa e bebi o resto.
O 10º copo, eu peguei a garrafa no resto e me joguei na pia.
-Não me lembro o que fiz com a patroa
No Brasil, claro, é a cachaça!
“Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de trinta e oito a quarenta e oito por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro, expresso em sacarose”.
Foi assim, que, em outubro de 2003, por meio do Decreto 4.851, o governo brasileiro oficializou a cachaça como produto tipicamente brasileiro.
Luis da Câmara Cascudo, em Prelúdio da Cachaça; etnografia, história e sociologia da aguardente no Brasil, informa:
A aguardente da terra, elaborada no Brasil, podia atender ao apetite dos fregueses humildes, escravos, mestiços, trabalhadores de eito a jornal, todo um povo de reduzida pecúnia. O Tráfico da escravaria impôs a valorização incessante da aguardente na terra, a futura cachaça, era indispensável para a compra do negro africano e, ao lado do tabaco em rolo, uma verdadeira moeda em circulação.
A cachaça a Deus do céu
tem o poder de empatar
porque se Deus dá juízo
cachaça pode tirar
mulato não larga a faca
nem branco a “sabedoria”
cabra não deixa a cachaça
nem negro a feitiçaria
(poesia anônima popular)
A nossa querida cachaça já foi tratada como bebida de segunda categoria, hoje, no entanto, ela já atingiu o status de boa bebida, graças ao trabalho, principalmente dos mineiros.
Lá em Minas Gerais, formaram cooperativas, com um controle rígido quanto à qualidade da nossa boa cachacinha. Por conta disso, em qualquer bar e restaurante do Brasil, encontramos uma “mineirinha” de primeira, motivo do aumento das exportações das branquinhas e amarelinhas.
Sabia que no Brasil já têm até cachacier? Pois é. Cachacier é variação da palavra francesa sommelier, que designa o expert em vinhos. O nosso especialista chama-se Carlos Gonzáles, dono da Cacharia Pompéia, em São Paulo. Entre as dicas do Carlos, está a escolha do copo: “não muito alto com gargalo mais estreito e bojudo” – para sentir o aroma e apreciar a coloração.
Cana -caiana
A cana-caiana é a única saccharum officinarum a denominar aguardente, ingressando na rica sinonímia da cachaça. Batizou um livro de poemas de Ascenso Ferreira (“Cana-caiana”, Recife,1939) onde reaparece um ditirambo popular:
Suco de cana-caiana
Passado no alambique,
Pode sê qui prejudique
Mas bebo toda sumana
Existem muitas estórias, brincadeiras e folclores envolvendo a cachaça. Consegui uma que vinha impressa na etiqueta da Caninha Brumado Velho:
Fui a Minhas gerais e tomei uma cachaça da boa,
mas tão boa, que resolvi levar dez garrafas pra casa.
Mas dona patroa me obrigou a jogar tudo fora.
Peguei a 1ª garrafa, bebi um copo e joguei o resto na pia.
Peguei a 2ª garrafa, bebi outro copo e joguei o resto na pia.
Peguei a 3ª garrafa, bebi o resto e joguei o copo na pia.
Peguei a 4ª garrafa, bebi na pia e joguei o resto no copo.
Peguei o 5º copo, joguei a rolha na pia e bebi a garrafa.
Peguei a 6ª pia, bebi a garrafa e joguei o copo no resto.
A 7ª garrafa, eu peguei no resto e bebi a pia.
Peguei o copo, bebi no resto e joguei a pia na 8ª.
Joguei a 9ª pia no copo, peguei a garrafa e bebi o resto.
O 10º copo, eu peguei a garrafa no resto e me joguei na pia.
-Não me lembro o que fiz com a patroa
Saideira
Musicalmente, foram feitas trocentas músicas, com letras falando da cachaça e respectivos bebuns. Apontarei três, que considero ótimas:
Camisa listrada, de Assis Valente
Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí
Em vez de tomar chá com torrada ele bebeu parati
Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão
E sorria quando o povo dizia: sossega leão, sossega leão...
Cachaça Não é Água Não,de Mirabeau Pinheiro, L de Castro e H Lobato
Se você pensa que cachaça é água
Cachaça não é água não
Cachaça vêm do alambique
E água vêm do ribeirão
Pode me faltar tudo na vida
arroz, feijão e pão
Pode me faltar manteiga,
E tudo mais não faz falta não
Pode me faltar amor
Disto até acho graça
Só não quero que me falte
A danada da cachaça
Moda da Pinga, de Ochelsis Laureano e Raul Torres
C’oa marvada pinga é que eu me atrapaio
Eu entro na venda e já dô meu taio
Pego no copo e dali não saio
Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio
Só pra carregá é que eu dô trabaio, oi lá !
Venho da cidade, já venho cantando
Trago um garrafão que venho chupando
Venho pros caminho, venho trupicando
Chifrando os barranco, venho cambeteando
E no lugar que eu caio, já fico roncando, oi lá !
O marido me disse, ele me falô
Largue de bebê, peço pro favor
Prosa de homem nunca dei valor
bebo com o sor quente pra esfriar o calô
E bebo de noite pra fazê suadô, oi lá !
Cada vez que eu caio, caio diferente
Me arco pra trás e caio pra frente
Caio devagar, caio de repente
Vou de currupio, vou deretamente
Mas sendo de pinga eu caio contente, oi lá !
Pego o garrafão e já balanceio
Que é pra mor de ver se tá mesmo cheio
Num bebo de vez porque acho feio
No primeiro gorpe chego inté no meio
No segundo trago é que eu desvazeio, oi lá !
Eu bebo da pinga porque gosto dela
Eu bebo da branca, bebo da amarela
Bebo no copo, bebo na tigela
Bebo temperado com cravo e canela
Seja quarqué tempo vai pinga na goela, oi lá !
Eu fui numa festa no rio Tietê
Eu lá fui chegando no amanhecê
Já me dera, pinga pra mim bebê
Já me deram pinga pra mim bebê, tava sem fervê
Eu bebi demais e fiquei mamada
Eu caí no chão e fiquei deitada
Aí eu fui pra casa de braço dado
Ai de braço dado com dois sordado
Ai, muito obrigado !
Camisa listrada, de Assis Valente
Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí
Em vez de tomar chá com torrada ele bebeu parati
Levava um canivete no cinto e um pandeiro na mão
E sorria quando o povo dizia: sossega leão, sossega leão...
Cachaça Não é Água Não,de Mirabeau Pinheiro, L de Castro e H Lobato
Se você pensa que cachaça é água
Cachaça não é água não
Cachaça vêm do alambique
E água vêm do ribeirão
Pode me faltar tudo na vida
arroz, feijão e pão
Pode me faltar manteiga,
E tudo mais não faz falta não
Pode me faltar amor
Disto até acho graça
Só não quero que me falte
A danada da cachaça
Moda da Pinga, de Ochelsis Laureano e Raul Torres
C’oa marvada pinga é que eu me atrapaio
Eu entro na venda e já dô meu taio
Pego no copo e dali não saio
Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio
Só pra carregá é que eu dô trabaio, oi lá !
Venho da cidade, já venho cantando
Trago um garrafão que venho chupando
Venho pros caminho, venho trupicando
Chifrando os barranco, venho cambeteando
E no lugar que eu caio, já fico roncando, oi lá !
O marido me disse, ele me falô
Largue de bebê, peço pro favor
Prosa de homem nunca dei valor
bebo com o sor quente pra esfriar o calô
E bebo de noite pra fazê suadô, oi lá !
Cada vez que eu caio, caio diferente
Me arco pra trás e caio pra frente
Caio devagar, caio de repente
Vou de currupio, vou deretamente
Mas sendo de pinga eu caio contente, oi lá !
Pego o garrafão e já balanceio
Que é pra mor de ver se tá mesmo cheio
Num bebo de vez porque acho feio
No primeiro gorpe chego inté no meio
No segundo trago é que eu desvazeio, oi lá !
Eu bebo da pinga porque gosto dela
Eu bebo da branca, bebo da amarela
Bebo no copo, bebo na tigela
Bebo temperado com cravo e canela
Seja quarqué tempo vai pinga na goela, oi lá !
Eu fui numa festa no rio Tietê
Eu lá fui chegando no amanhecê
Já me dera, pinga pra mim bebê
Já me deram pinga pra mim bebê, tava sem fervê
Eu bebi demais e fiquei mamada
Eu caí no chão e fiquei deitada
Aí eu fui pra casa de braço dado
Ai de braço dado com dois sordado
Ai, muito obrigado !
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